Um dos eventos históricos mais intrigantes é a súbita extinção da megafauna, que é composta pelos gigantescos mamíferos que habitaram a Terra durante o Pleistoceno, como os mamutes e as preguiças-gigantes. O que torna este evento verdadeiramente singular é sua fundamentação, a qual o exibe como uma extinção em massa que ocorreu simultaneamente em todo o planeta.
Existem diversas teorias e hipóteses sobre o que pode ter ocorrido com esses mamíferos, porém nenhuma delas é capaz de explicar em totalidade essa extinção. Sendo assim, traremos nessa matéria as teorias mais discutidas e mais aceitas pela comunidade científica.
Primeiramente é necessário contextualizar os períodos geológicos envolvidos, começando pelo Pleistoceno que se estendeu de 2,6 milhões de anos atrás até 11.700 anos atrás. No decorrer dessa época, ocorreu o Último máximo glacial, ou seja, essa era foi marcada pelas flutuações climáticas extremas incluindo extensas áreas cobertas de gelo e a redução do nível do mar.
O auge da mais recente dita Era do Gelo foi há 20 mil anos e terminou há 11 mil anos atrás, marcando o início do Holoceno, período no qual vivemos. A era atual foi marcada pelo degelo de grandes áreas e o aumento do nível do mar. O que contribuiu para a construção de ecossistemas similares ao que conhecemos hoje, com um clima estável e o desenvolvimento da humanidade.
Nesse cenário, durante o fim do Pleistoceno, desapareceram cerca de 30 gêneros de mamíferos na América do Norte enquanto mais de 50 aparentam ter sido extintos na América do Sul. Sendo assim, os pesquisadores levantaram algumas teorias que podem ser categorizadas em três grupos: hipóteses ambientais, impactos humanos e hipóteses combinadas.
As principais hipóteses ambientais trazem os eventos catastróficos, ou seja, variações extremas no clima, na paisagem, entre outros. Além da perda de habitat e redução de recursos, por conta principalmente das oscilações climáticas do período. Essas hipóteses são mais favoráveis no hemisfério Norte, onde ocorreu o Último máximo glacial, sendo que no período do degelo animais como o mamute não aguentaram as altas temperaturas.
Considerando as hipóteses antrópicas, pode-se destacar a caça, introdução de predadores (através de animais domésticos), alteração de habitat e a introdução de doenças até então desconhecidas. Esse cenário é mais sustentado na América do Sul, pois conforme a história narra o Homo sapiens surgiu no continente africano chegando nas Américas muito depois. Ou seja, ela não evoluiu juntamente com as espécies desse território, sendo viável o impacto proposto por essas hipóteses.
Atualmente as explicações mais aceitas são as hipóteses combinadas, como sustentada pela Broken Zig Zag. Essa visão é focada na América do Sul, onde a megafauna se encontrava em um ambiente de áreas abertas com clima quente e seco semelhante a atual Caatinga ou Savanas africanas. Conforme mencionado o Pleistoceno foi marcado por flutuações climáticas, posto isso, pesquisadores acreditam que durante os períodos em que se predominou um clima úmido as áreas abertas foram retraindo enquanto as florestas pluviais cresciam, essa variação de vegetação deu origem ao ‘Zig Zag’ do nome.
As pesquisas inferem que a megafauna perdeu parte de sua biomassa nessas oscilações, ou seja, houve uma redução de recursos consequentemente reduzindo as populações. Em seguida, o homem chegou ao continente, justamente nesse período de fragilidade das espécies colaborando então para a extinção dessas, possivelmente através da caça.
Embora existam diversas hipóteses, a extinção da megafauna persiste desconhecida. Esse evento é dito como distinto e enigmático principalmente pelo fato de não existir nenhum dado que indique que outros animais e plantas da época sofreram o mesmo impacto, como por exemplo o próprio ser humano.
Outro grande empecilho, especialmente na América do Sul, são os frequentes questionamentos quanto as datações encontradas nesse continente. Muitas datações de sítios sul-americanos não coincidem com as hipóteses levantadas para explicar a chegada do homem.
Apesar de ter sido uma extinção global, pesquisadores compreendem cada vez mais que existem milhares de variáveis que precisam ser estudadas de forma menos abrangente. Sendo assim, gradativamente mais estudos focam em extinções regionais ou de espécies específicas, pois como citado acima algumas regiões do planeta sofreram com o último máximo glacial diretamente, enquanto outras apresentaram variações apenas em relação à umidade.
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