Câncer não é nada mais que um crescimento desordenado de células no organismo. Porém, essa massa de células agrupadas é chamada de tumor e pode se expandir para outros órgãos através de um processo chamado metástase.
Esse crescimento desordenado se dá por conta de mutações aleatórias que alteram a estrutura genética das células, modificando as normas de crescimento da mesma e deixando-a doente.
De acordo com o INCA (Instituto Nacional de Câncer), o câncer de pulmão é o primeiro em todo o mundo em incidência entre os homens e terceiro entre as mulheres.
Pesquisadores tem estudado sobre a atuação de anticorpos contra os retrovírus endógenos viabilizando uma imunoterapia para o câncer de pulmão. Entende-se por imunoterapia, um tratamento que visa combater o avanço da doença, ativando o próprio sistema imunológico. Enquanto retrovírus endógeno, trata-se de um vírus existente dentro das células do organismo, os quais geram as moléculas de DNA a partir do RNA, fazendo o processo inverso do que se costuma ver.
Antes de tudo precisa-se ter uma base de como o sistema imunológico funciona. Ele tem função de defender o organismo, seja impedindo a entrada de corpos estranhos, ou identificando e agindo contra eles. Primeiramente bloqueando a entrada desses corpos, o sistema conta com 3 barreiras: mecânica, microbiológica e química. A barreira mecânica, são as barreiras físicas como por exemplo a pele. Já a barreira microbiológica pode ser exemplificada com a nossa flora intestinal, que conta com diversas bactérias que não nos adoecem. Por fim, nas barreiras químicas podemos citar o suco gástrico do estomago, as lágrimas e até a saliva.
Antes de conhecer as células de defesa e suas funções, se faz necessário o entendimento das duas categorias de imunidade. Logo ao nascer, o bebê já apresenta um sistema imune, chamado de inato ou natural, além disso essa categoria ainda conta com os anticorpos e informações da mãe, transferidas por meio do cordão umbilical, placenta e do leite materno.
A imunidade adquirida, é a segunda categoria, também chamada de sistema imune adaptativo, o qual permite que as células de defesa aprendam a maneira de combater os invasores por meio da exposição aos agentes infecciosos. Esse sistema, está em constante adaptação, aprendendo sempre novas defesas contra novos invasores. Ademais, essa imunidade se reparte em duas subdivisões: imunidade humoral e celular. Atuando no reconhecimento de corpos estranhos e na destruição deles, temos a imunidade humoral, que apresenta os anticorpos produzidos pelos linfócitos B. Enquanto, a imunidade celular consiste no combate da proliferação de agentes invasores por meio dos linfócitos T.
Entendendo essa organização do sistema imunológico, será mais fácil a compreensão sobre as células de defesa e suas funções. Posto isso, essas células nascem a partir de células tronco hematopoiéticas, originando os leucócitos, mais conhecidos como glóbulos brancos, as plaquetas e os eritrócitos, também conhecidos como glóbulos vermelhos. Esse último, não participa do sistema imune.
As plaquetas atuam na coagulação sanguínea, auxiliando na cicatrização de machucados. Enquanto isso os leucócitos se dividem em outras células de defesa, onda cada uma tem uma função diversa, são elas: neutrófilo, eosinófilo, basófilo, monócito e os linfócitos. Esse último, ainda pode se tornar linfócitos B e T, os quais reconhecem antígenos e produzem anticorpos. Lembrando, que uma vez que o antígeno foi apresentado a célula, a resposta imune do organismo será mais rápida e mais eficiente numa próxima “invasão”.
Para o entendimento geral do tema, é importante saber a diferença entre anticorpos e antígenos. Os antígenos são todas e quaisquer substâncias estranhas que ativam a produção de anticorpos. Esse último sendo, as proteínas geradas pelos linfócitos B, em resposta aos antígenos.
Após a leitura e o entendimento dos conceitos acima, é indicado analisar como o sistema age em relação ao câncer. A maior dificuldade da imunidade contra essa doença, é o fato de que as células tumorais conseguem burlar os checking imunológicos, ou também conhecidos como pontos de verificação. Esse checking sinaliza para os linfócitos T circulantes que a célula não deve ser atacada, ou seja, quando as células cancerosas burlam esses pontos de verificação, o sistema entende que está tudo certo e a célula não deve ser atacada.
A proposta dos pesquisadores, é atuar nos retrovírus presentes dentro das células. No artigo foram estudadas as reações dos linfócitos B, presentes no pulmão, em pacientes do TRACER (Tracking Non-Small-Cell Lung Cancer Evolution Through Therapy – Acompanhamento da evolução do câncer de pulmão em células não pequenas por meio de terapia), além de estudos sobre o mesmo tema, em um modelo de camundongo imunogênico, ou seja, que é capaz de estimular uma resposta imune.
Ao final do artigo se conclui que as respostas de células B antitumorais podem se desenvolver no adenocarcinoma pulmonar de camundongos e humanos, podendo assim contribuir para a imunidade antitumoral através da produção de anticorpos de ligação ao tumor.
Além disso, o estudo conseguiu estabelecer o envelope do retrovírus endógeno como um antígeno tumoral pertinente. A partir dessas novas informações e com novos estudos, compreender sobre os papéis específicos do tumor e os subtipos de células B, será de suma importância para prever a resposta dos tumores à imunoterapia
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