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  • Foto do escritorDakila News

O Incrível Mundo dos Tardígrados: Pequenos, Mas Quase Indestrutíveis

Atualizado: há 4 dias

O tardígrado, também conhecido como "urso d'água", é um dos organismos mais resilientes do planeta. Microscópico, com cerca de 1 milímetro de comprimento, esse invertebrado possui oito patas e um corpo segmentado, apresentando uma impressionante capacidade de sobreviver em condições extremas que vão muito além das suportadas por outros organismos terrestres.



Pertencente ao filo Tardigrada, esse animal multicelular não se limita a um habitat específico. Ele é encontrado em ecossistemas que variam desde florestas tropicais até o fundo dos oceanos, assim como em ambientes urbanos. Apesar de sua aparência simples, o tardígrado possui uma fisiologia altamente especializada que lhe confere uma robusta capacidade de adaptação.


Resistência em Ambientes Extremos


Estudos indicam que os tardígrados são capazes de suportar temperaturas entre −272 °C (próximo ao zero absoluto) e 150 °C, além de sobreviver em condições de alta radiação, pressões superiores às do fundo oceânico e até no vácuo do espaço. Em um experimento icônico de 2007, cientistas enviaram 120 tardígrados para o espaço, onde sobreviveram ao vácuo e à radiação solar durante 10 dias. O estudo demonstrou que eles são os únicos animais conhecidos a resistirem ao ambiente espacial, sem necessidade de oxigênio ou proteção térmica.


A principal adaptação que confere essa resistência é a capacidade dos tardígrados de entrarem em um estado de criptobiose, mais especificamente, uma forma chamada de tun. Nesse estado, o metabolismo do animal praticamente cessa, permitindo que ele tolere a desidratação e outras condições adversas. Durante a criptobiose, os tardígrados perdem quase toda a água de seus corpos e sintetizam proteínas específicas e açúcares como a trealose, que protegem suas células e estruturas vitais.



Mecanismo Molecular de Sobrevivência


Pesquisas recentes lideradas por Derrick R. J. Kolling, da Universidade Marshall, e Leslie M. Hicks, da Universidade da Carolina do Norte, trouxeram novas evidências sobre os mecanismos moleculares responsáveis por essa resiliência. O estudo, publicado na revista PLOS ONE, revelou que a oxidação de um aminoácido chave, a cisteína, desempenha um papel central na ativação do estado de dormência.


Durante condições de estresse extremo, como altas temperaturas ou radiação, os tardígrados produzem radicais livres, compostos altamente reativos que normalmente causariam danos severos ao DNA e às proteínas de um organismo. No entanto, esses radicais livres oxidam as cisteínas das proteínas dos tardígrados, alterando suas funções e iniciando o processo de criptobiose.


Esse mecanismo age como um interruptor biológico, instruindo o organismo a suspender suas atividades metabólicas até que o ambiente retorne a condições adequadas para a sobrevivência. Quando as cisteínas voltam ao estado não oxidado, o animal é "despertado" de seu estado latente e retoma suas funções normais.


Nos experimentos, ao bloquear a oxidação das cisteínas, os tardígrados perderam a capacidade de entrar em criptobiose, tornando-se vulneráveis às condições ambientais.


Relevância Científica


O estudo dos tardígrados vai além de entender sua biologia fascinante. Compreender como esses animais conseguem mitigar os danos celulares causados pelos radicais livres oferece perspectivas relevantes para a biomedicina, especialmente no que se refere ao processo de envelhecimento e às lesões oxidativas causadas por estresse ambiental. Além disso, o impacto das viagens espaciais nos organismos, que envolvem exposição prolongada à radiação cósmica, pode ser estudado com base nas adaptações desses organismos.



A pesquisa em torno dos tardígrados também tem potencial para aplicações práticas na conservação de órgãos para transplante, criopreservação e desenvolvimento de tecnologias de proteção contra radiação. No longo prazo, o conhecimento acumulado sobre esses animais pode contribuir significativamente para avanços em biotecnologia e saúde humana.


Referências:



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