Atualmente, a tecnologia tem sido uma aliada inegável na organização e no armazenamento de informações. No entanto, um estudo recente conduzido pela Kaspersky Lab. revelou que o uso constante de dispositivos digitais está enfraquecendo a capacidade humana de armazenar informações de maneira duradoura. A pesquisa, que entrevistou 6 mil adultos em diversos países europeus, identificou um fenômeno crescente chamado “amnésia digital”. Esse termo descreve a tendência das pessoas de dependerem de computadores e smartphones para guardar e acessar informações, em vez de confiar em sua própria memória.
A Dependência Digital e a Perda de Memórias
A pesquisadora Maria Wimber, da Universidade de Birmingham, alerta que o uso excessivo da tecnologia para buscar informações prejudica a formação de memórias de longo prazo. Segundo a especialista, nosso cérebro “guarda” informações de maneira mais eficiente quando tentamos nos lembrar ativamente de algo. Porém, quando recorremos constantemente à internet para obter dados, não estimulamos o processo de memorização e, consequentemente, não criamos memórias sólidas e duradouras. Isso ocorre porque, ao depender de dispositivos para acessar informações, nosso cérebro se acostuma a tratá-las como temporárias, facilitando o esquecimento de dados que não são fisicamente armazenados na memória cerebral.
O Impacto de Armazenar Informações digitalmente
A pesquisa também revelou que uma grande parte das pessoas agora guarda memórias pessoais, como fotografias, exclusivamente em formato digital. Embora prático, isso traz uma série de riscos, como a perda de dados devido a falhas tecnológicas ou o roubo de informações, além de nos tornar menos propensos a internalizar significativamente os momentos que registramos.
Ao depender de dispositivos para guardar essas memórias, podemos acabar nos tornando menos capazes de lembrar de acontecimentos como eles realmente ocorreram. O processo de registrar algo em um dispositivo digital não envolve o mesmo esforço cognitivo.
O Impacto Cognitivo
Essa substituição do esforço mental pela tecnologia não é neutra. Segundo Lisa Aziz-Zadeh, da University of Southern California, atividades sensoriais e motoras, como escrever manualmente, envolvem áreas do cérebro associadas à aprendizagem e à memorização. O uso frequente de dispositivos digitais reduz essa interação sensorial, afetando a retenção de informações e a criatividade.
A 'Extensão' do Cérebro Digital
A pesquisa da Kaspersky também destaca que as pessoas passaram a ver seus dispositivos digitais como uma “extensão” de seu próprio cérebro. Essa mudança de comportamento é associada ao conceito de “amnésia digital”, onde a confiança excessiva nas tecnologias leva ao esquecimento de informações importantes simplesmente porque acreditamos que podemos acessá-las instantaneamente através da internet. Como resultado, as pessoas não se preocupam em memorizar certos dados, por saberem que sempre poderão encontrá-los online.
O Impacto da 'Amnésia Digital'
O estudo também revelou que mais de um terço dos entrevistados afirmou que procurariam informações em dispositivos digitais, como smartphones e computadores, ao invés de recorrer à memória. Isso reflete um hábito crescente de “descarregar” nossas memórias para as tecnologias, o que pode ter efeitos a longo prazo no desenvolvimento de nossa capacidade de lembrar e aprender de maneira eficaz.
Além disso, a pesquisa indica que a dependência dos dispositivos digitais tem um impacto emocional significativo, especialmente quando se trata da perda de dados importantes armazenados digitalmente. Isso destaca a necessidade de uma maior conscientização sobre a proteção de dados e a segurança da informação, uma vez que a perda de um dispositivo pode gerar um grande estresse e desconforto.
Conclusão
Embora a tecnologia tenha se tornado uma extensão indispensável do cérebro humano, sua influência requer equilíbrio. Por um lado, ela oferece conveniência e acessibilidade; por outro, ameaça habilidades cognitivas essenciais, como a memorização e o aprendizado profundo.
O conceito de “amnésia digital” nos faz refletir sobre como a facilidade de acessar dados na internet pode estar enfraquecendo a nossa capacidade de memorizar informações de forma sólida e duradoura.
A chave para preservar a memória humana, ao mesmo tempo que usufruímos das vantagens da tecnologia, pode estar em uma abordagem consciente e equilibrada, que nos permita usar os dispositivos digitais como ferramentas auxiliares, e não como substitutos completos para o armazenamento e o processamento mental.
Práticas simples, como anotar informações manualmente, reforçar memórias importantes e limitar o uso de dispositivos em atividades cotidianas, podem ajudar a proteger nossa memória.
Referências:
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/10/151007_dependencia_memoria_digital_lgb#:~:text=Trata%2Dse%20da%20chamada%20%22amn%C3%A9sia,na%20internet%2C%20informa%20a%20pesquisa.
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