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  • Foto do escritorDakila News

CRISPR – A técnica de edição genética que recebeu Prêmio Nobel em 2020

Atualizado: 11 de set. de 2023

CRISPR é a sigla para "Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats" (Conjunto de Repetições Palindrômicas Curtas Regularmente Espaçadas) e se trata de um técnica de edição genética, baseada em uma sequência de DNA encontrada em certas bactérias que participa no sistema de defesa dessas.


A descoberta dessa técnica foi publicada em 2012 pela revista científica "Science", sendo que a dupla de cientistas responsável recebeu o Prêmio Nobel de Química em 2020. Segundo o comitê da premiação, essa ferramenta poderá ter a capacidade de curar doenças hereditárias.


Essa técnica vem se mostrando revolucionária, principalmente por conta das proteínas Cas que apresentam a capacidade de cortar o DNA na porção exata, caso elas tenham um RNA de reconhecimento adequado. Dessa forma pode-se dizer que o CRISPR/Cas9 é uma tesoura genética que permite alterar parte do código genético de uma célula.


Além das inúmeras possibilidades que essa ferramenta proporciona, seu funcionamento é simples de entender, a enzima Cas9 é usada para cortar e alterar seções do DNA associadas ao que precisa ser reparado. Essa proteína, recebe os direcionamentos de um RNA guia (sgRNA) que é projetado e sintetizado em laboratório conforme a sequência específica de DNA que será modificada.


O presidente do comitê do Prêmio Nobel de Química, Claes Gustafsson, anuncia que “Há um poder enorme nessa ferramenta genética, que afeta a todos nós. Não só revolucionou a ciência básica, mas também resultou em colheitas inovadoras e levará a novos tratamentos médicos inovadores".


Devido a facilidade da técnica, o CRISPR foi muito usado em pesquisas de base, principalmente para compreender como genes variados funcionam e interagem. Com esse conhecimento básico, as pesquisas aplicadas terão um panorama geral de todas as possibilidades que possam ser exploradas e suas restrições.


Conforme a geneticista Mayana Zatz, líder do Projeto Genoma da USP, "A gente consegue derivar linhagens (de células) de pacientes com diferentes doenças genéticas no laboratório e, a partir do sangue, conseguimos fazer células musculares, neurônios, células pulmonares, qualquer tipo. Com essa tecnologia, a gente tenta corrigir o defeito genético para resgatar o quadro clínico. Ou pode criar mutações e ver o que acontece".


Apesar de todos os avanços científicos que essa técnica proporciona, ela também traz uma série de discussões bioéticas. Uma das preocupações apontadas é quanto a eficácia do corte, pois a ferramenta pode fazer alterações que não intencionadas.


Posto isso, em novembro de 2018, um pesquisador chinês realizou uma edição genética em embriões humanos com auxílio do CRISPR. A intenção era produzir humanos imunes ao HIV, os embriões implantados deram origem a gêmeas.


Em consequência, o pesquisador foi demitido da universidade e condenado a três anos de prisão. No mesmo ano, um cientista do MIT ressaltou que essas alterações não devem ser realizadas em DNA humano, pois é impossível prever seus efeitos.


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